No final de agosto, o torcedor Gremista Evandro Kunrath foi atingido no rosto por duas balas de borracha, disparada pela Brigada Militar.
O torcedor corre o risco de ficar cego de um dos olhos.
No dia 30/08 foi noticiado que em até 40 dias, o autor do disparo seria identificado.
Passados mais de 52 dias, nada foi dito.
E ninguém foi punido.
Tá aqui a notícia:
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/esportes/gremio/noticia/2013/08/brigada-militar-espera-identificar-em-ate-40-dias-policial-que-disparou-no-rosto-de-gremista-4253098.html
Torcedor baleado30/08/2013 | 21h52
Brigada Militar espera identificar em até 40 dias policial que disparou no rosto de gremista
Ao falar sobre torcedor que corre risco de ficar cego, comandante-geral diz que PMs devem "mensurar atitudes"
Duas balas de borracha foram retiradas do rosto de Evandro no Hospital de Pronto Socorro
Foto:
Patricia Kunrath Laurino / Arquivo Pessoal
O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Fábio Duarte Fernandes,
pretende descobrir em até 40 dias quem foi o autor do disparo contra o rosto do gremista Evandro Godoy Kunrath.
Na quarta-feira, antes do jogo entre Grêmio e Santos, Evandro foi
atingido por pelo menos duas balas de borracha durante um confronto
entre torcedores e PMs, em frente à Arena. Testemunhas garantem que o
bancário de 40 anos em nenhum momento se envolveu no tumulto. Liberado
hoje do Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre, o gremista
ainda
corre risco de ficar cego.
Abaixo, leia os principais trechos da entrevista que o coronel Fernandes concedeu nesta sexta-feira a Zero Hora:
Ferimentos nos olhos de Evandro Kunrath são "extremamente graves", conforme médico Foto: Arquivo pessoal
Zero Hora — Como o senhor avalia a situação de Evandro Godoy
Kunrath, que foi atingido por uma bala de borracha e pode ficar cego?
Fábio Duarte Fernandes — Lamento o que ocorreu. Não
gostamos que a Brigada Militar, que se dedica a trabalhar pela segurança
das pessoas, seja a causadora de uma lesão como esta. Já determinei a
abertura de um Inquérito Policial-Militar para apurar os responsáveis. É
claro que a corporação atua em momentos de tensão, mas os policiais
precisam mensurar suas atitudes, precisam ter em mente um cálculo tático
sobre o emprego da força.
ZH — É possível identificar o policial que efetuou os disparos?
Fernandes — Sim, temos mecanismos para isso.
Precisamos esclarecer os fatos, tanto para encontrar o autor dos
disparos — que depois, se for o caso, poderá ou não ser punido pela
Justiça — quanto para corrigir ações futuras da Brigada Militar. Nossa
orientação é de que esses disparos sejam feitos da cintura para baixo.
Precisamos entender por que o rosto do rapaz foi atingido, se ele estava
abaixado ou não. Tudo isso o inquérito vai apurar.
ZH — Em quanto tempo o senhor terá uma resposta?
Fernandes — Dentro de 30 ou 40 dias, já teremos uma reposta do encarregado pelo inquérito.
ZH — E quem será o encarregado?
Fernandes — Não está definido. A Corregedoria-Geral
da Brigada está avaliando esta indicação. Provavelmente, como
normalmente ocorre, será um integrante do batalhão envolvido no episódio
(foi o 11º Batalhão de Polícia Militar que atuou no confronto em frente
à Arena, onde Evandro foi atingido).
ZH — Não pode haver parcialidade em uma apuração coordenada por alguém que trabalha na mesma unidade do autor dos disparos?
Fernandes — Poder, pode, mas a decisão final é do
comandante. Determinei que a corregedoria acompanhe todo o inquérito.
Via de regra, a Brigada tem atuado de maneira muito transparente e
eficaz nesses episódios. Não há qualquer intenção de acobertar ninguém
e, caso isso ocorra, a corregedoria vai identificar e eu vou intervir.
Para esclarecer esse episódio e identificar as responsabilidades, não
vamos desviar o foco em nenhum momento.
ZH — O senhor se comunicou com a família de Evandro?
Fernandes — Estamos solidários e à disposição da
família. Se (os familiares) quiserem procurar o Comando da Brigada
Militar, estaremos dispostos a prestar qualquer esclarecimento. Mas sei
que este momento é muito pessoal, é um momento de dor, não gostaria de
intervir. É um episódio também lamentável para os servidores envolvidos
na operação. Os policiais jamais gostariam de atingir um inocente, de
provocar esse tipo de situação.