quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Julgamento Político

Existem julgamentos baseados em fatos e com fundamentação jurídica.
E existem julgamentos políticos.
Julgamento político é aquele em que os fatos jurídicos, as leis, são postas de lado e a decisão visa agradar à opinião pública ou a algum interesse específico.
O julgamento do Grêmio foi político.
Pouquíssimos argumentos jurídicos foram usados pelos auditores.
E mesmo, alguns "atentados jurídicos" foram cometidos.
A fundamentação da decisão chegou a referir até de mais de 10 anos atrás.
Os cânticos sobre a morte do Fernandão e fatos posteriores ao jogo do Santos foram usados, como o cântico no jogo do Bahia e os tweets de alguns dirigentes do Grêmio.
Todos estes fatos, em verdade, lamentáveis e condenáveis, mas que não foram sequer objeto da denúncia.
Um dos auditores chegou a referir: "o comportamento da torcida do Grêmio tem apresentado estes incidentes e isto está vindo em uma crescente", ao referir o cântico sobre a morte do Fernandão.
Foi julgado o comportamento moral do Grêmio e seus torcedores.
Foi um linchamento público.
Sem direito à defesa plena.
Ora, auditores que sequer prestaram atenção à defesa do Grêmio, que dormiram e ficaram navegando no Facebook não tem a menor condição de fazer um julgamento justo.
O Grêmio entrou na sala já condenado.
Pouco, ou nada foi valorizado das campanhas e ações que o Grêmio tem feito sobre o racismo.
Talvez, um dos poucos clubes no Brasil que se manifeste sobre isso.
Pouco importou o passado glorioso de jogadores negros no Grêmio.
E nada adiantou o argumento social da quantidade de meninos negros que jogam nas escolinhas do Grêmio.
E mais: se exigiu do Grêmio e seu torcedor algo impossível de se realizar: evitar que ocorram estes atos.
Como pode o Grêmio fiscalizar 40 mil pessoas em um jogo?
E você, torcedor, se arriscaria a mandar calar a boca de alguém que fala um comentário racista ao seu lado?
Você não tem medo de sofrer uma agressão física?
Eu tenho, mas o STJD exige que eu faça isso em um próximo jogo.
Se eu vejo algum crime na rua, eu aviso às autoridades. Mas o STJD exige que eu reaja a um assalto de qualquer pessoa na rua e vá lá interromper a ação do criminoso.
Meu comportamento pessoal em um estádio, nesses casos, há muitos anos é não cantar ou dizer palavras de cunho racista no estádio de futebol.
Mas isso é pouco para o STJD e seus auditores que postam imagens racistas no Facebook.
Ainda bem que este auditor não está em um campo de futebol e usando uma camisa do Grêmio.
Senão ele seria linchado.


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