sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A história vem de longe

Esse papo de doações, isenções, obras públicas em favor de uma entidade particular e a promíscua vinculação de políticos com um clube de futebol vem de longe.


Olhem que interessante resgate histórico, em um site colorado: http://scinternacional.net/index.php/clube/patrimonio/beira-rio.html


 
A história da construção do Beira-Rio começa na segunda metade da década de 1950 e conta com um forte componente político e, por que não dizer, passional. Sem a astúcia do então governador do Estado, Ildo Meneghetti, talvez o Inter nunca tivesse deixado o velho Estádio dos Eucaliptos, no Menino Deus, e vivenciado uma mobilização popular poucas vezes vista em torno de uma obra. O pontapé inicial aconteceu em uma reunião entre a velha guarda colorada, capitaneada por Ephraim Pinheiro Cabral, e Meneghetti, ex-presidente e patrono do clube. Os dirigentes o procuraram propondo a desapropriação de uma área atrás dos Eucaliptos, uma rua com um popular cabaré.

O governador ouviu tudo e observou que a pequena rua jamais resolveria a falta de espaço. Decidiu, então, contar um segredo: Estou conseguindo com o governo federal dragas que estão na Bahia. Vou aterrar o Guaíba. No fim deste aterro, ficará uma área destinada ao esporte. É para lá que vamos levar o Inter. A revelação ficou entre Meneghetti e os colorados, entre eles um que não estava presente à reunião: Telmo Thompson Flores, futuro prefeito da Capital e, à época, diretor para a Região Sul do Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS).

Ele foi decisivo para trazer o maquinário ao Estado a dragagem começou em 1958. Antes, no entanto, o Inter conseguiu uma verdadeira façanha, desta vez por meio de Ephraim. Como era vereador, apresentou projeto na Câmara de Porto Alegre sugerindo a doação de uma área de 7,5 hectares do aterro ao clube. Depois de muita pressão sobre os colegas, viu seu projeto aprovado em 12 de setembro de 1956. Até aí, tudo bem, não fossem dois detalhes: 1º O terreno ainda estava debaixo d'água (a dragagem começaria dois anos depois); 2º Como se tratava de uma área no Guaíba, pertencia à União. Quer dizer: por omissão ou desconhecimento, a prefeitura deu ao Inter um terreno que não lhe pertencia. Mais tarde, houve tentativa de contestação por parte do governo federal, que acabou cedendo. De posse da terra, faltavam a casa colorada e os responsáveis em construí-la. Houve duas comissões de obras, instituídas entre 1961 e 1962, que fracassaram. Pudera: além da dragagem em andamento, faltava dinheiro.


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