terça-feira, 5 de novembro de 2013

Não foi a Guerra dos Estádios

Discordo totalmente da manchete da capa da Zero Hora de hoje.
Diz: "Vítima da Guerra dos Estádios", mostrando a foto do torcedor Gremista, Evandro, que ficou cego de um olho após levar SEIS tiros de borracha no rosto.
Seis.
 
Discordo pois, inicialmente, este título é usado quando há brigas entre torcidas.
Não foi o caso.
Evandro estava pacificamente em frente a um bar e foi alvo dos disparos da Brigada Militar.
Disparos que ainda não tiveram a autoria divulgada pela Brigada.
A Guerra é caracterizada pela rivalidade e beligerância de ambas as partes.
É certo que Brigada e Torcida do Grêmio não se entendem.
Mas a beligerância, tem sido só de um lado.
O outro lado, toma tiros na cara.
O outro lado, leva tapa na nuca e é arrastado pelos pés.
Isso não é Guerra. É Guerrilha.
É agressão. É arbitrariedade.
Na Guerra, as partes que entram em disputada sabem que estão se colocando em risco e aceitam esse risco.
Até mesmo, na Guerra dos Estádios, os brigões sabem que podem se machucar, se expõem a isso e estão sujeitos à ação da Polícia.
Se aceitam o risco é problema deles.
Evandro não quis esse risco, nem sabia que estava correndo este risco.
Evandro ficou parado, para mostrar que não fazia parte de qualquer confusão.
Evandro virou alvo.
Evandro não estava em Guerra.
Evandro foi vítima.
Evandro não foi o soldado americano que é morto pelo Talibã.
Evandro é o americano que foi trabalhar no World Trade Center no dia 11 de setembro.
Ninguém dos Direitos Humanos foi atender ao Evandro.
Evandro que poderia se chamar Pedro, Gustavo, Alberto, Douglas, Demian, Ricardo.
Poderia ser qualquer um de nós parados em frente aquele bar.
Qualquer um de nós, que não estamos em Guerra.

2 comentários:

  1. Matou a pau!!!
    Deveria divulgar esse post em outros blogs, para ser lido pelo maior numero de pessoas possíveis. A ZH quer esconder o ato covarde da despreparada BM, atribuindo a culpa às torcidas.
    Lamentável essa reportágem, para dizer o mínimo.

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  2. Excelente texto. Pena que o modo de texto eletrônico não permite assinar embaixo.

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